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Bragança volta a homenagear o “Santo Negro” pelas ruas

Festividade de São Benedito retorna com programação integral após a pandemia. Marujos, marujas e visitantes louvam a imagem com danças, missas e outros ritos já tradicionais da cidade
 Festividade de São Benedito é organizada desde 1798, a partir dos negros escravizados | : Mauro Ângelo / Diário do Pará

Em dezembro, as ruas do município de Bragança se enchem do vermelho vivo que marca as vestimentas das marujas e marujos que dançam em homenagem a São Benedito. Tradição mantida há 224 anos e que precisou ser adaptada nos últimos dois em decorrência da pandemia da Covid-19, a Festividade de São Benedito retorna com a procissão em seu itinerário pelas ruas de Bragança no próximo dia 26 de dezembro, com São Benedito conduzido em seu andor por cerca de 4,73 km. A grande procissão encerra a festividade iniciada no dia 18 deste mês.

Coordenador da Festividade de São Benedito, o historiador Dário Benedito Rodrigues lembra que a festividade em homenagem ao santo negro é organizada desde que, em 03 de setembro de 1798, os negros escravizados, livres e libertos da vila de Bragança criaram a Irmandade do Glorioso São Benedito de Bragança, que se manteve até 1988. “Os negros escravizados, livres e libertos pediram, junto aos seus senhores, para celebrar São Benedito, que era um santo de tradição italiana, mas que migrou para o Brasil como um símbolo também de resistência e de esperança”.

Quando, na época, a população negra começou a organizar a festa o objetivo era reunir os seus pares ao redor da devoção a São Benedito, construir uma igreja e construir uma aliança de resistência cultural que se manifesta através da Marujada. Dário lembra que a igreja construída pela irmandade foi a que hoje é a Catedral de Nossa Senhora do Rosário, porém, posteriormente houve a troca para a atual Igreja de São Benedito. “Os brancos forçaram essa troca e deram a igreja menor, de frente da orla, para os negros em 1872”, rememora o historiador, ao continuar relatando os objetivos que uniam àquela irmandade. “Eles também tinham o objetivo de fazer as esmolações, ir de casa em casa, levando São Benedito nas regiões rurais da cidade anunciando a festa e também preparando os donativos para receber e, por último, de fazer com que a irmandade tivesse essa aliança de resistência cultural que é a Marujada, algo indissociável da Festividade”.

A partir da herança deixada por essa irmandade católica fundada pelo povo negro ainda no final do século XVIII, a Marujada se torna esse grande bem cultural que faz parte da Festividade de São Benedito e da própria identidade da cidade de Bragança. “A Marujada é concomitante a fundação dessa irmandade e esse crescimento vai acontecendo de forma conjunta. Mas o processo de massificação e grande divulgação acontece no final dos anos 80 com os projetos do Preamar. Já no final da década de 90, com a celebração dos 200 anos da Festa de São Benedito, foi o primeiro ano em que a festa recebeu mais de 100 mil pessoas, no sentido da participação na procissão e hoje estamos prestes a ter, com muita fé e esperança, o reconhecimento da Marujada e da Festividade de São Benedito de Bragança como Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil”.

Com uma programação extensa, a Marujada comporta muitos elementos de tradição, desde o almoço, café da manhã, dança, disputa de cavaleiros na Cavalhada, leilão e procissão. Somente na dança, que ocorre ao longo de todo o dia no Largo de São Benedito, são sete tipos diferentes. Com toda essa tradição mantida e, neste ano de 2022, podendo ser retomada no seu formato original, outro elemento importante também é destaque na festividade. “Esse ano é uma retomada também dessas relações afetivas tão desfeitas pela pandemia porque onde São Benedito para tem muita fartura, as pessoas convidam os seus vizinhos e parentes. É muito bom poder viver isso de novo, presencialmente”, considera o coordenador da festividade. “Então, essa retomada também é uma retomada desse sentimento de afeto, de empatia e de caridade. São Benedito é um exemplo disso”.

Programação

Dia 26 de dezembro – Dia de São Benedito em Bragança e encerramento da festividade.

6h – Ocorre o café da manhã servido na casa da Capitoa, que em seguida é acompanhada pela Marujada até o Largo de São Benedito.

 7h30 – Missa Solene no Largo de São Benedito. Após a celebração, ocorre a entrega da reforma do Teatro Museu da Marujada.

10h – Leilão, realizado no Salão Beneditino, em frente à orla da cidade.

12h – Almoço do Juiz da Festividade de São Benedito. A Marujada dança durante toda a tarde.

15h30 – Louvação a São Benedito feita pelas Comissões de Esmolações, na Igreja.

16h – Procissão solene com a condução da Imagem do Glorioso São Benedito em seu andor pelas ruas de Bragança.

19h – Missa celebrada em frente à Igreja de São Benedito, após a chegada da procissão. A Marujada dança a noite toda até às 0h.

0h – Encerramento da festividade com a dança da Marujada, em círculo, em torno da igreja.

DOL

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