A Meta, dona do Facebook, disse nesta terça-feira (16) que vai proibir posts pagos que questionem a legitimidade da eleição em suas redes sociais.
A medida não é retroativa e chega um dia após a divulgação de um estudo da organização Global Witness, que evidenciou como mentiras sobre o pleito eram difundidas em publicidade política no Brasil. Segundo a empresa, não há correlação entre o relatório e o anúncio desta terça.
A nova política vale para o pleito de outubro e para as eleições legislativas nos Estados Unidos, em novembro.
A empresa não tem uma política específica para moderação de conteúdo eleitoral, mas diz proibir publicações que incitem a supressão de votos, como publicações com “desinformação sobre datas, lugares, horários e métodos de votação” ou mentiras “sobre quem pode votar, quais são os requisitos eleitorais, se um voto é contabilizado e quais informações ou materiais devem ser apresentados para votar”.
Mesmo assim, a plataforma não barrou anúncios pagos com frases como “O dia da eleição está mudando: As pessoas São Paulo agora devem votar no dia 3 de outubro” e “eleitores entre 18 e 70 anos no Brasil agora podem escolher se eles querem ou não votar. Tudo bem querer ficar em casa”.
Outro post impulsionado, com pagamento para ganhar mais visibilidade, afirmava: “Não se preocupe em trazer documento no dia da eleição, as máquinas de votação saberão quem você é”.
A Global Witness fez o teste com dez publicações, sem rotular que eram políticas. Impulsionou nove a partir de um computador no Quênia e de uma máquina no Reino Unido. Não utilizou nenhuma ferramenta para mascarar a localização do usuário, como VPN.
O pagamento foi feito no Reino Unido e o público-alvo escolhido foi de usuários no Brasil. Todos os anúncios foram feitos pela mesma conta.
A Meta permite publicidade política no Facebook e no Instagram. Para fazer um anúncio do tipo, é preciso passar por um processo de comprovação de identidade e de endereço residencial no país -o que partidos têm feito para impulsionar seus candidatos nas redes sociais.
É o próprio anunciante quem declara se sua postagem se enquadra em política. A empresa diz usar sistemas de inteligência artificial para checar as autodeclarações.
No teste, a Meta ainda aprovou a veiculação de anúncios que colocavam sob suspeição o sistema eleitoral brasileiro, de acordo com a organização.
“O processo assume que as pessoas têm boas intenções. Mas, como sabemos, quem espalha desinformação não tem boas intenções”, disse Jon Lloyd, consultor sênior da Global Witness e responsável pela investigação.
Sobre o estudo, a Meta diz em nota que se prepara “extensivamente para as eleições de 2022 no Brasil”, com “ferramentas que promovem informações confiáveis por meio de rótulos em posts sobre eleições”. Cita, ainda, o canal direto que estabeleceu com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que deve enviar conteúdos potencialmente problemáticos para a revisão.
Os acordos firmados entre o TSE e as big techs estabelecem que as empresas cumpram suas políticas a fim de dar mais segurança à eleição.
Desde janeiro, a Meta dispõe de uma política para moderar o discurso de “autoridades durante agitações civis”. A diretriz foi criada após a suspensão do perfil do ex-presidente Donald Trump em 2021, quando apoiadores desconfiados das urnas invadiram o Capitólio. No Facebook, as publicações dele, que negou a vitória de Joe Biden, infringiram regras da plataforma por incitarem a violência.
Não há outra política de moderação dedicada à proteção de informações sobre urnas eletrônicas no Brasil.
DOL
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